quarta-feira, 25 de março de 2009

DANIEL SAMOILOVICH, POESIA E TRADUÇÃO - urtiga! nº1

Daniel Samoilovich (1949) é um dos poetas mais representativos da atual literatura argentina. Além de poeta, Samoilovich é tradutor. Dirige desde 1986 o jornal trimestral Diário de Poesía. É autor de Párpado (1973), El mago (1984), Superficies iluminadas (1997), Las Encantadas (2003) e El despertar de Samoilo (2005), entre outros livros.

Samoilovich ficou conhecido no Brasil depois de publicar Las Encantadas, uma reunião de poemas que tematizam uma viagem pelo arquipélago de Galápagos. O título foi inspirado em Herman Melville, que se referiu a Galápagos como ilhas encantadas. Tal fascínio, no autor de Moby Dick, porém, situa-se numa zona de indecisão entre o humano e o inumano, entre o terror e a ternura, que a região inóspita suscitou. O narrador-poeta de Samoilovich narra sua viagem dentro de um quarto de hotel no meio da noite depois ter sonhado com sua viagem de quinze anos atrás. A mesma região que fascinou Melville e Samoilovich chamou a atenção do naturalista Charles Darwin, que visitou as ilhas no momento em que estava interessado em comprovar sua teoria da evolução das espécies. Galápagos estaria num limiar entre a história natural e social. Essa zona limítrofe, inerente ao interesse da própria poesia, é potencializada pelo poeta argentino no livro Las Encantadas.
Ao lado, um poema de Samoilovich, traduzido pelo professor e tradutor Marcelo Bueno de Paula


A sombra de minha mão direita
é uma mão esquerda

A sombra de minha mão direita
é uma mão esquerda – o que escrevo
alguém escreve de dentro do papel;
a ponta de seu lápis contra o meu.
Gostaria de saber se esse é feliz.
Gostaria de saber como soam
esses versos que correm ao avesso
rumo ao Oeste de um mundo inclinado.

Daniel Samoilovich

Tradução de Marcelo Bueno de Paula

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