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Arthur Bispo do Rosário costumava dizer que cada coisa na terra recebe um nome: «uma cadeira não pode ser chamada de peixe, e um peixe não pode ser chamado de vinho». Pois bem, José Datrino abandonou o nome em favor da poesia. A poesia como sacrifício de si. Abandonou um nome em favor de outro. José Datrino pode ser chamado de Gentileza. O gesto do autor nos faz pensar sobre o que seria uma obra de arte: um quadro, um livro, ou apenas palavras de Gentileza, lançadas ao ar ou gravadas em viadutos de uma grande cidade? O que é uma obra? O que significa ser um autor? Talvez possamos aproximar essa arte daquela que nos fala Bataille, em «A noção de despesa». A arte como um ritual sagrado de puro gasto, em que não está em jogo a lógica de acumulação, aquela que predomina nos dias de hoje, em tempos abjetos e sombrios. Contra esse tempo, e também em favor dele, que é o nosso, o autor como gesto gasta com eficácia palavras de Gentileza!
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