terça-feira, 4 de maio de 2010

Clarice Lispector e a pintura - urtiga n° 12

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Quais são os limites entre a pintura e a literatura? Em que momento as palavras deixam de ser palavras e passam a ser traços e cores? Como pintar um livro ou escrever um quadro? O pintor pinta o que não consegue descrever e o escritor escreve o que não consegue pintar. Medo, Explosão, Tentativa de Ser Alegre ou Caos da Metamorfose sem Sentido, Sobre Medo. Esses são os nomes de alguns dos quadros pintados por Clarice Lispector. Segundo Marcelo Bortoloti, os quadros de Clarice testemunham um período especialmente difícil para a autora: «Em 1975, ela fora demitida do Jornal do Brasil, no qual escrevia crônicas semanais, e estava preocupada com sua situação financeira. Embora ainda não soubesse do câncer que a mataria dois anos depois, sua saúde já estava debilitada. Aos 54 anos, escritora consagrada, ela se dizia cansada da literatura e declarava que pretendia parar de escrever, talvez para sempre. Ao longo desse ano, pintou freneticamente. São obras abstratas, algumas sombrias, outras muito coloridas, todas com nomes trágicos». Em dois de seus romances, Água Viva, de 1973, e o póstumo Um Sopro de Vida, as personagens centrais são artistas plásticas, e há títulos de quadros que foram usados pela autora nas obras que pintou depois.

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