Leon Tolstói dizia: «Cantes a tua aldeia e serás universal». No entanto, às vezes, a comunidade de leitores pensa que a poesia é sempre aquilo que não está aqui. Algo que é do lado de lá, de um passado distante ou de um espaço remoto. E o poeta-profeta, à maneira de Jesus de Nazaré, aproveitaria essa ausência para afirmar: «Meu reino não é deste mundo». Mas a poesia também é deste mundo. Yes, nós temos poetas! Em União da Vitória e Porto União também. Olhe com calma e verá. Para encontrá-los, é preciso muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso, como diria o poeta Vinícius de Moraes, em Para viver um grande amor. Some-se a essa concentração o exercício de desaprender as verdades estabelecidas, buscando na poesia um reencontro com a in-fans (infância) da linguagem, como diria Giorgio Agamben.
Peguemos no rabo de uma andorinha, ou de um cometa, e voemos até Cuiabá para ouvir o menino Manoel cantar: «Desaprender oito horas por dia ensina os princípios». Poesia pode ser olhar mais longe para aquilo que está mais perto.
Há em nossas cidades um grupo enorme de pessoas que se dedicaram e outras que continuam se dedicando à nobre tarefa de transformar o carbono em diamante, decifrar o código das águas, ou seja, fazer poesia. A lista é grande. Poderíamos apontar alguns, já pedindo desculpas para aqueles cujo nome não recordamos: Yvonnich Furlani, Ghassoub Domit, Cláudio Dutra, Helena Klotz, Yeda Ramires, Arlete Bordin, Ulisses Teixeira, Teresinha Moreira, Maria Catarina Heiss, Irene Rucinski, Manoel Claro Neto, etc. Se esses poetas são reconhecidos pela comunidade, ah!, essa é uma outra história. Basta dizer que o poeta escreve porque precisa e ponto final. Não escreve para ganhar dinheiro nem para ganhar uma coroa de louros, tal como os poetas da Antiguidade. Se for para ganhar dinheiro, melhor abrir uma frutolândia. Leminski costumava dizer que o poeta não é uma excrescência ornamental, um ser de luxo, mas uma necessidade orgânica da sociedade, já que ele diz o que a sociedade precisa ouvir. Ela precisa de poetas, da ruptura que eles representam, para poder respirar.
Uns vêm, outros vão. Mas todos, de uma maneira ou de outra, criam laços com a comunidade, imprimindo seu modo de olhar o mundo, seu jeito de cantar a vida. Yvonnich Furlani, por exemplo, não nasceu aqui, mas aqui se fez poeta: «Eu sou como aquele chorão / do outro lado do rio / finquei raízes como ele / eu fico aqui / à beira do Iguaçu!». O poema «Eu fico aqui» poderia ser lido à luz da conhecida expressão «Bebi água do Iguaçu!». Se a cidade pudesse falar, provavelmente responderia: «E quem bebe de minha água jamais esquecerá». Não se trata apenas de cantar a cidade. Há poetas que não a cantam, mas encantam, e nem por isso deixam de ser bons poetas. É o caso da poesia transcendental de Ghassoub Domit, ao cantar a ressurreição da mitologia; da poesia líquida de Cláudio Dutra; da ornamental de Manoel Claro Neto; ou da lírica de Helena Klotz e Yeda Ramires.
O setor de Literatura Brasileira do Colegiado de Letras da FAFIUV aceitou o desafio de desenvolver o projeto «Memórias Poéticas do Vale do Iguaçu», sabendo da importância dessas manifestações literárias locais. Na década de 70, o curso lançou a I Antologia Poética do Vale do Iguaçu, coordenada pelos professores Francisco Filipak, Nelson Sicuro e Fahena Porto Horbatiuk. O trabalho não apenas apresentou a biografia e parte da produção desses poetas, mas também forneceu críticas que auxiliaram a compreensão das obras por eles produzidas.
O presente projeto, além de preparar a II Antologia, intenta desenvolver oficinas poéticas nas escolas locais, bem como produzir um vídeo-documentário sobre a poesia regional. Outro objetivo é resgatar o trabalho de Helena Kolody, poeta natural de Cruz Machado, que se projetou como uma das grandes artífices do haicai no Brasil. O trabalho conta com a orientação dos professores Bernardete Ryba, Caio Ricardo Bona Moreira e Josoel Kovalski, bem como com a pesquisa das alunas Jaqueline Naiser, Anne Schulz, Simone Kovalczuk, Juliana Santana, Fabiana Meneguel (graduação) e Karine Bueno Costa (pós-graduação).
Peguemos no rabo de uma andorinha, ou de um cometa, e voemos até Cuiabá para ouvir o menino Manoel cantar: «Desaprender oito horas por dia ensina os princípios». Poesia pode ser olhar mais longe para aquilo que está mais perto.
Há em nossas cidades um grupo enorme de pessoas que se dedicaram e outras que continuam se dedicando à nobre tarefa de transformar o carbono em diamante, decifrar o código das águas, ou seja, fazer poesia. A lista é grande. Poderíamos apontar alguns, já pedindo desculpas para aqueles cujo nome não recordamos: Yvonnich Furlani, Ghassoub Domit, Cláudio Dutra, Helena Klotz, Yeda Ramires, Arlete Bordin, Ulisses Teixeira, Teresinha Moreira, Maria Catarina Heiss, Irene Rucinski, Manoel Claro Neto, etc. Se esses poetas são reconhecidos pela comunidade, ah!, essa é uma outra história. Basta dizer que o poeta escreve porque precisa e ponto final. Não escreve para ganhar dinheiro nem para ganhar uma coroa de louros, tal como os poetas da Antiguidade. Se for para ganhar dinheiro, melhor abrir uma frutolândia. Leminski costumava dizer que o poeta não é uma excrescência ornamental, um ser de luxo, mas uma necessidade orgânica da sociedade, já que ele diz o que a sociedade precisa ouvir. Ela precisa de poetas, da ruptura que eles representam, para poder respirar.
Uns vêm, outros vão. Mas todos, de uma maneira ou de outra, criam laços com a comunidade, imprimindo seu modo de olhar o mundo, seu jeito de cantar a vida. Yvonnich Furlani, por exemplo, não nasceu aqui, mas aqui se fez poeta: «Eu sou como aquele chorão / do outro lado do rio / finquei raízes como ele / eu fico aqui / à beira do Iguaçu!». O poema «Eu fico aqui» poderia ser lido à luz da conhecida expressão «Bebi água do Iguaçu!». Se a cidade pudesse falar, provavelmente responderia: «E quem bebe de minha água jamais esquecerá». Não se trata apenas de cantar a cidade. Há poetas que não a cantam, mas encantam, e nem por isso deixam de ser bons poetas. É o caso da poesia transcendental de Ghassoub Domit, ao cantar a ressurreição da mitologia; da poesia líquida de Cláudio Dutra; da ornamental de Manoel Claro Neto; ou da lírica de Helena Klotz e Yeda Ramires.
O setor de Literatura Brasileira do Colegiado de Letras da FAFIUV aceitou o desafio de desenvolver o projeto «Memórias Poéticas do Vale do Iguaçu», sabendo da importância dessas manifestações literárias locais. Na década de 70, o curso lançou a I Antologia Poética do Vale do Iguaçu, coordenada pelos professores Francisco Filipak, Nelson Sicuro e Fahena Porto Horbatiuk. O trabalho não apenas apresentou a biografia e parte da produção desses poetas, mas também forneceu críticas que auxiliaram a compreensão das obras por eles produzidas.
O presente projeto, além de preparar a II Antologia, intenta desenvolver oficinas poéticas nas escolas locais, bem como produzir um vídeo-documentário sobre a poesia regional. Outro objetivo é resgatar o trabalho de Helena Kolody, poeta natural de Cruz Machado, que se projetou como uma das grandes artífices do haicai no Brasil. O trabalho conta com a orientação dos professores Bernardete Ryba, Caio Ricardo Bona Moreira e Josoel Kovalski, bem como com a pesquisa das alunas Jaqueline Naiser, Anne Schulz, Simone Kovalczuk, Juliana Santana, Fabiana Meneguel (graduação) e Karine Bueno Costa (pós-graduação).
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