domingo, 28 de junho de 2009

O novidadeiro Monteiro Lobato - urtiga! 4


Monteiro Lobato fez minha infância muito mais feliz! Ele não me abraçou - como meus pais e meus avós - não me deu doces... Mas ele brincou comigo de uma forma especial: contou-me histórias, me fez rir e chorar, ter medo e também ser corajosa. Tudo isso através de seus livros e dos eternos personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, o qual eu acompanhava também através da TV. Meus olhos brilhavam quando eu entrava "naquele sítio", do qual eu não queria mais sair. Essa magia cativante e simples Lobato trouxe de sua infância. Desde o hábito da leitura, que aprendeu em casa e na escola, quanto nos momentos de lazer. Quando ele era pequeno brincava com suas irmãs, Ester e Judite, com brinquedos feitos de sabugos de milho, chuchus, mamão verde etc. O seu pó de pirlimpimpim soube dar vida a personagens de sua imaginação tão agraciada através dos tempos.A expressão «novidadeiro» aprendi com ele. Lobato referia-se a Dona Benta como a «grande novidadeira», pois era aquela avó/adulto com espírito aberto às novidades e sedento por aprender com as crianças. Já a Tia Nastácia representa muitos daqueles que tem medo do desconhecido e que vêem maldade em tudo.
Mas as eternas crianças, de sempre, são Pedrinho e Narizinho, abertas a aventuras, à felicidade nas coisas simples e sempre em busca do conhecimento através das experiências adquiridas com os mais velhos. E não podemos esquecer, claro, da Emília - aquela que diz tudo o que pensa, e do Visconde de Sabugosa - aquele sábio que só acredita nos livros que lê. Estes personagens, muito mais do que nos darem asas e alegria, representam uma crítica que Lobato fez ao Brasil de sua época. Ele foi perseguido, preso e muito criticado. Escreveu algumas obras para adultos, mas desgostoso com toda a situação, dedica-se à literatura infantil. E então, por meio de Narizinho Arrebitado, cria o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Outra grande herança de Lobato foi a primeira editora nacional, Lobato & Cia, que acabou se transformando na Companhia Editora Nacional, que infelizmente não contava mais com sua participação. Os livros, antes disso, eram impressos em Portugal. Graças, então, a ele, iniciou-se um largo movimento editorial brasileiro. E quem nos dera esse pó de pirlimpimpim estivesse dentro de nós, de nossas crianças, de nossos professores e de nossos adultos?Ah!... quantos muros seriam derrubados e quantas pontes seriam construídas...Falta-nos mais "Lobatos" em nossas escolas, em nossas salas de aula e em nossas infâncias-crianças! Aliás, nas mãos de Lobato somos eternas crianças!

Adriana Bueno de Oliveira, acadêmica de Letras da FAFIUV

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